quinta-feira, 19 de março de 2009

Entenda o processo de amadurecimento da visão do bebê...

Há quem acredite que o bebê não enxergue ou que ele só veja em preto-e-branco, mas isto não é verdade...

"O bebê começa a perceber a luz ainda dentro do útero, entre o sexto e o sétimo mês de vida, quando as pálpebras ganham movimento", informa o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares. Quando nasce, consegue enxergar o que o rodeia bem de perto - entre 15 e 40 centímetros -, na forma de vultos enevoados, sem detalhes ou profundidade, e apenas distingue algumas cores, principalmente os tons fortes.

No início da vida é como se os bebês vissem o mundo através de um vidro embaçado. “À medida em que crescem, a visão evolui. É como andar ou falar, uma conquista gradativa, que depende de treino e do amadurecimento neurológico. As conexões da retina com a região do cérebro que recebe os impulsos da visão só ficam maduras por volta dos seis meses de idade", explica o oftalmologista.

Os avanços...

Os principais avanços no desenvolvimento da visão ocorrem nos seis primeiros meses de vida. "Aos dois meses, um bebê ainda não consegue distinguir bem um gato de uma criança que passa ao lado do seu carrinho. No sexto mês, ele já sabe a diferença entre um e outro. Nessa fase, ele começa a ver objetos em três dimensões e tem maior noção de espaço", diz a oftalmopediatra Maria Carrari, que também integra o corpo clínico do IMO.

"Até o terceiro mês de vida, os bebês têm dificuldades para coordenar o alinhamento dos olhos, pois os músculos responsáveis pela movimentação do globo ocular estão em desenvolvimento, mas isso vai se ajustando naturalmente", explica a médica.

Mesmo precisando de acertos, a visão é um dos primeiros sentidos que o bebê utiliza para interagir com a mãe. "Além do choro, é pelo contato olho no olho que o bebê busca expressar o que está sentindo nos primeiros meses”, afirma Maria Carrari.

É também pela visão que o bebê percebe que é igual às pessoas que o cercam, "momento em que descobre a própria imagem no espelho, o que costuma ocorrer entre o primeiro e o segundo ano de vida", explica a médica.

Por volta do dois anos de idade, a criança já vê como um adulto, mas o desenvolvimento neurológico completo da visão só se dá entre seis e oito anos. “Por isso, quanto antes o diagnóstico dos problemas de visão no bebê for feito, maiores as chances de garantir à criança uma visão normal na vida adulta”, afirma a oftalmologista.

Diagnosticando problemas de visão do bebê

Mães que durante a gravidez, especialmente no primeiro trimestre de gestação, tiveram rubéola, toxoplasmose, infecções intra-uterinas, citomegalovírus e sífilis estão mais sujeitas a transmitir essas infecções para o feto, aumentando as chances do bebê apresentar problemas oftalmológicos. “Nestes casos específicos, é bom que o bebê seja submetido a um exame oftalmológico completo, assim que nascer”, recomenda a médica.

Logo ao nascer, o bebê deve ser submetido ao teste do olhinho vermelho. “O teste do olhinho ainda é um procedimento pouco conhecido da população, mas é capaz de detectar uma série de problemas de visão em bebês e complicações que podem levar até à cegueira”, explica a oftalmopediatra Maria José Carrari.

Para realizá-lo, o oftalmologista aponta um foco de luz em cada um dos olhos do recém-nascido para observar o reflexo que se forma no fundo das pupilas – o mesmo que costuma aparecer nas fotos quando se olha diretamente para a luz do flash. “Podem ser detectados por meio do procedimento tumores, catarata congênita, traumas de parto e erros de refração: miopia, hipermetropia e astigmatismo”, diz a oftalmologista.

O diagnóstico precoce de doenças oculares que só seriam percebidas mais tarde, quando as chances de tratamento já estariam limitadas é o grande mérito do teste do olhinho. "No caso da catarata congênita, o bebê deve ser submetido a uma cirurgia antes do segundo mês de vida, quando as chances de recuperação da visão chegam a 100%”, alerta a oftalmologista.

Outra moléstia que pode ser detectada pelo teste é o glaucoma congênito, que se caracteriza pelo aumento da pressão no interior do globo ocular. “Neste caso, o bebê precisa ser submetido a uma cirurgia de urgência para evitar que o olho atingido seja permanentemente lesado”, afirma Maria Carrari.

O retinoblastoma, tumor maligno que pode ser curado se o diagnóstico for precoce, é outra doença que pode ser diagnosticada por meio do exame. Segundo a Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer, 400 novos casos da doença são registrados por ano no Brasil. Originário das células da retina, o retinoblastoma é causado por mutação genética. O problema costuma dar seus primeiros sinais entre o nascimento e os 23 meses de vida da criança. “Detectado precocemente, o retinoblastoma tem tratamento e o bebê terá a visão poupada, após a realização da quimioterapia ou da radioterapia”, diz a especialista.

Limpeza e higiene dos olhos do bebê

Como os olhos do nenê são muito delicados, muitas vezes, mães e pais ficam com medo de limpá-los. “Porém, os pais precisam saber que a falta de higiene pode levar a infecções, como conjuntivites ou blefarites, que trazem desconfortos aos bebês, como pálpebras vermelhas, coceira e secreção excessiva”, informa Maria Carrari.

Para evitar esses problemas, é preciso limpar os olhos do bebê na hora do banho, com um chumaço de algodão umedecido em água morna. “Caso haja alguma secreção, fica mais fácil removê-la com uma gaze macia e dobrada ao meio", ensina a médica.

Segundo Maria Carrari, a água boricada deve ser evitada, pois pode provocar a formação de cristais e irritar ainda mais a área. “O mesmo vale para o cotonete, já que um movimento brusco do bebê pode causar um ferimento. Quanto ao colírio, este é um medicamento e não deve ser usado para fazer a higiene dos olhos do bebê", completa.

Dicas para fazer a higienização

A seguir, a oftalmopediatra Maria Carrari lista, passo a passo, a melhor maneira para fazer a limpeza dos olhos do bebê:

1) A limpeza dos olhos pode ser feita uma vez por dia, durante o banho;

2)Para isso, antes de colocar o bebê na banheira, umedeça um chumaço de algodão na água morna e passe da pálpebra em direção aos cílios;

3) Troque o algodão antes de fazer a limpeza do outro olho;

4) Com o nenê dentro da banheira, massageie a região que vai do canto interno do olho à narina com o seu dedo indicador, sempre de cima para baixo e fazendo uma ligeira pressão. Repita duas vezes de cada lado;

5) Na hora de enxugar os olhos do bebê, embrulhe o seu dedo indicador em uma toalha macia e pressione suavemente contra a pálpebra, sem esfregar;

6) Para tirar a secreção que se forma no cantinho do olho, use uma gaze dobrada ao meio e umedecida em água morna. Troque a gaze para não contaminar o outro olho.

CONTATO:
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