segunda-feira, 5 de outubro de 2009
O respeito como filosofia de vida
Os conhecimentos dos xamãs dos povos nativos se perpetuaram e se transformaram numa diferente filosofia chamada de xamanismo. O amor em sua forma pura e o respeito são bases desse modo de entender a existência.
Por: Renato César Ribeiro
Foto: Renato César Ribeiro
O xamanismo não é uma religião, é uma forma de viver que traz espiritualidade, medicina e filosofia para seus praticantes. “A base do xamanismo é o respeito”, informa Ricardo Guilherme Schmidt, aprendiz de 19 anos de Jaraguá do Sul. Esse respeito que ele cita surge de uma forma mais profunda. “Tudo é feito de energia. Na realidade, tudo é uma coisa só, mas em um formato diferente”, ensina.
Para o xamanista, o sentido da vida é o amor. “Não é a paixão, mas o amor puro, o desejar o bem da realidade alheia sem querer nada em troca. Isso é a única coisa que se leva. Cada um tem a sua realidade e uma influencia na outra. Mas se a pessoa não quiser se ajudar não adianta nada. Você não dá apoio com dinheiro, como esmola, por exemplo. O melhor é passar algo de bom através das palavras”, ensina Ricardo.
O rapaz explica que “a essência do xamanismo é composta por uma forte base de profundo respeito. Em cima disto, temos a premissa de que fazemos parte de uma família universal e que tudo está interligado”.
De acordo com ele, o xamanismo é a mais antiga prática espiritual, filosófica e médica da humanidade. Há registros de rituais xamânicos desde a Idade da Pedra. Estudiosos queriam entender de onde vinham as idéias do homem primata para desenhar os animais nas cavernas. Através dessa pesquisa em atuais culturas na África, onde ainda se fazem essas pinturas, foi descoberto que eram registros de viagens espirituais por xamãs em rituais religiosos induzidas por danças. Essas pinturas possuem o mesmo padrão em qualquer local do mundo, o que muda são os animais, típicos de cada região e de cada época.
De uma forma mais prática, o xamanista pensa de uma forma diferenciada. “Eu consigo compreender melhor a minha relação com o mundo. Consigo saber por que as coisas são assim”, diz Ricardo. Existem rituais com tambores e plantas sagradas que levam o ser para uma vivência espiritual. Ele entra em transe e acessa uma realidade paralela. Isso tudo acontece dentro da mente da pessoa.
Ricardo explica que a pessoa pode ter outra religião e ser xamanista ao mesmo tempo. Essa filosofia não se prende a religiões, pois o praticante é quem descobre, dentro de si, a sua religião, que é basicamente a mesma para todos. Não há palavras que vá ensiná-la, apenas a vontade de aprender. Por isso, católicos, hindus, espíritas, budistas e qualquer outra religião se encaixam com o xamanismo, em que a verdade dos livros é refletida e entendida pelo coração.
O que acontece é que os seres humanos vivem num sistema de conforto propiciado pelo sistema. Isso faz com que eles não se sensibilizem com o sofrimento alheio. “Você não faz nada para mudar porque para você está tudo certo”, diz.
Desta forma, ao contrário da visão egoísta predominante, o xamanista procura fazer o bem a todos. “Pois há uma ligação. O meu corpo pertence à Mãe Terra, o nosso planeta; e o espírito pertence ao Pai Céu, o universo. Cada um é um deus, com ‘d’ minúsculo. E tudo é Deus, com ‘D’ maiúsculo. Deus não ouve palavras, ele ouve intenções”, diz Ricardo. Por isso, segundo essa mentalidade, o importante é agir e não apenas ir à missa todo fim de semana.
“Olhando para dentro de nossos corações conseguimos encontrar Deus, e entender a nossa importância neste mundo. Não é alguém que dirá isso para nós, somos nós que descobriremos a verdade simplesmente por desejar entende-la”, crê Ricardo. Diante desse pensamento, Jesus Cristo surge como um exemplo de vida a ser seguido. “As pessoas deveriam ser como ele foi, ter o amor puro”, menciona.
Essa mentalidade leva a pessoa a cuidar de si mesma. “A minha consciência me obriga a não usar drogas, beber ou fumar”, afirma Ricardo. Da mesma forma, surge o cuidado com a alimentação: “Evito comida artificial. Prefiro sucos a refrigerantes. Não quero ingerir conservantes”. Isso inclui o preparo dos alimentos. “As coisas que tiveram o nosso trabalho e a nossa mente para serem feitas são mais gostosas”, opina.
Ricardo se encontra com amigos para conversar sobre questões espirituais e como podem melhorar o mundo aos domingos, em torno das 16 horas, no bosque da Sociedade Cultura Artística (Scar), em Jaraguá do Sul.
Ligação com a física quântica
Dois assuntos que a princípio não tem ligação alguma são mencionados juntos por Ricardo Guilherme Schmidt: xamanismo e física quântica: “Se você olhar o que a física quântica está provando hoje em dia, você percebe que é o que o xamanismo já prega há muito tempo”.
A física quântica é uma ciência que engloba o material e o imaterial em seus estudos. Ela surgiu de uma necessidade de explicar cientificamente o infinito, a eternidade e a existência. É baseada em observações do cotidiano, do espaço e do mundo. Pela física quântica, tudo é feito de energia.
“Na física quântica, tudo está ligado por cordas supersensíveis ao chamado tecido subjacente do universo. No xamanismo, todos estão vinculados. Os celtas e os druidas viam o mundo como uma teia de aranha tridimensional. Se puxarmos um pedacinho aqui, toda a teia vibra. Para mim, existe uma ligação entre o xamanismo e a física quântica porque ambos trabalham com vibrações, oscilações e sons. E os xamãs sabem disso. Foram os primeiros físicos da história”, explica Ricardo.
Ele conclui que: “esta ciência moderna está revolucionando a forma que o ser humano compreende a realidade e a espiritualidade. Finalmente temos uma ciência que acredita em Deus, e esta, em minha opinião, é a melhor referência que temos para estudarmos a existência cientificamente”.
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Na cidade, a selva de pedra, tudo é artificial, no significado de que foi construído pelo homem. E, por isso, nela, a filosofia pode ser intitulada de xamanismo urbano, pois analisa as coisas por meio dos pensamentos xamãs na realidade da cidade. “Um xamã não é um líder espiritual. É mais um aprendiz que passa adiante o conhecimento”, aponta o aprendiz.
“As pessoas são muito insensíveis. Há muita impassividade em relação à vida. Quando, na verdade, isso é uma questão de escolha. Muitos se dispõem a um papel de vítima e, dessa forma, tentam ‘lavar as mãos’”, continua Ricardo Guilherme Schmidt.
E a matéria é energia condensada em baixa vibração, a luz é energia em vibração alta, nosso espírito/alma é energia em vibração mais alta ainda, e o vácuo é energia quase sem vibração. A física quântica prevê a existência de outros planos, espíritos (chamados de "frameworkers" da matéria) e de universos paralelos, como o xamanismo.
“Se bem que o espiritismo condiz mais, mas o praticante pode ser católico que não há problema nenhum”, fala.
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