sexta-feira, 3 de julho de 2009

Funcionalidade e sustentabilidade


Com o mesmo nome, mas de grafias diferentes, Raphaela Nascimento e Rafaella Macedo formam a RR Arquitetura. Seus projetos são minimalistas, funcionais e aliam elementos naturais, consciência social e aproveitamento de espaços à personalização e diferenciação de cada cliente.

Por: Renato César Ribeiro
Foto: Acervo Pessoal

Estamos em uma cafeteria no centro de Joinville. Uma loira e uma morena estão na minha frente do outro lado da mesa. O calor é insuportável. Elas pedem sucos de laranja, já eu me abstenho a ficar com uma água. A união delas é tamanha, que o combinado inicial era falarmos do trabalho de uma delas, mas Raphaela Nascimento revela que seria impossível comentar de seus projetos sem sua sócia e amiga Rafaella Macedo.

Assim são elas. Estudaram juntas no Ensino Médio, fizeram faculdade na mesma época na Unerj (Centro Universitário de Jaraguá do Sul) e estão há três anos com a parceria na RR Arquitetura. Com um escritório no Centro Comercial Joinville, bloco A, sala 1108 (Avenida Juscelino Kubitschek, Centro, Joinville), elas recebem mais solicitações naquela cidade, mas já tiveram projetos em Balneário Camboriú e Florianópolis. Estão prontas para atuar em qualquer localidade da região.

Atualmente, o escritório é focado em design de interiores, mas também realiza projetos de arquitetura residencial e comercial, incluindo aí toda a parte civil, de construção, fachada etc. Entretanto, a maior procura hoje é para completar um ambiente com mobiliário, iluminação, entre outras ações internas. São tantos trabalhos feitos e tão diversos que não conseguem contar. “São diferentes projetos, não tem como calcular”, afirma Raphaela.

Pergunto a respeito de quais tendências seguem. Rafaella fala sem pensar duas vezes: “O nosso gosto preferencial é por projetos minimalistas, livre de adornos e ornamentações. São mais funcionais”. Raphaela Nascimento complementa que elas gostam da mistura de materiais e elementos naturais. Aos clientes, elas fazem uma proposta e tratam de aproximar ao que a pessoa quer. “É isso que dá personalidade. Faz com que os projetos não sejam iguais”, diz Nascimento.

O calor continua. Eu estou na metade da minha água. Cada uma bebeu todo o seu respectivo copo e Rafaella Macedo pede mais um. A respeito das cores, ela mesma continua: “Gostamos de branco e preto, desde a pintura das paredes até os móveis”. Sua amiga e sócia complementa que também preferem cores neutras.

A palavra que pode definir o estilo da RR Arquitetura é funcionalidade. A questão é que, cada vez mais, os espaços ficam menores e as famílias não têm tempo. Por isso, a intenção é integrar ambientes para uma melhor qualidade de vida. “Tudo tem que ter utilidade”, cita Raphaela Nascimento. Isso sem contar, é claro, com peças especiais de decoração, como um quadro querido ou algum outro diferencial.

“O que não pode faltar em um projeto de vocês?”, pergunto. “Acho muito legal aparecer a personalidade da pessoa. Ter uma peça de destaque, como um quadro de dez anos que é a cara do cliente”, responde, com certeza do que diz, Raphaela Nascimento. Sua sócia completa que isso pode servir até como ponto de partida para a elaboração do projeto.

Para elas, as pessoas estão percebendo que o arquiteto deixou de ser um profissional elitista. Hoje, elas entendem melhor a função desse ofício, cujo objetivo não é encarecer a obra. “Nós orientamos e mostramos as opções do mercado”, comenta Raphaela Nascimento.

Uma opção profissional é sempre trabalhar com elementos naturais, como a madeira de demolição. “É uma madeira velha, jogada, que voltou para a decoração”, explica Rafaella Macedo. “Além disso, é uma maneira bonita e inteligente de aproveitar esse material”, opina sua amiga e colega de arquitetura.

De acordo com Raphaela Nascimento, sustentabilidade é a palavra da década. Está ligada ao conceito de consciência social. Ela faz uma previsão: “Daqui a uns dez anos, sustentabilidade vai estar em 40% dos nossos projetos”. Isso, é claro, sem esquecer-se de unir a funcionalidade com o design. “Um misto disso faz um projeto perfeito”, conclui.

O tempo passou, mas o calor não. Terminamos nossa conversa, que aconteceu justamente na lanchonete pelo fato do ar condicionado estar sendo montado no escritório delas. A minha água já acabou, assim como o segundo suco de Rafaella Macedo. É hora de ir embora, pois as responsabilidades chamam. As duas sobem o elevador em direção ao escritório e se vão. Eu saio a caminhar pelo Centro de Joinville. Encontro um termômetro de rua marcando 33 graus em mais uma daquelas tardes quentes de verão. Minimalismo, funcionalidade e sustentabilidade para não sofrermos tanto assim com o nosso próprio planeta. Essas arquitetas parecem ter razão...

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