sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Júri analisa 3.442 obras inscritas no Salão de Humor



Céu, purgatório e inferno. No contexto religioso, as palavras denotam o caminho pós-morte que um sujeito terá a partir do estilo de vida que adotou. Mas no universo do humor, a conotação é de riso quando o assunto é a qualidade das produções inscritas no 39º Salão Internacional de Humor de Piracicaba. A tarefa de escolher um desses destinos para as obras será encarada pelos sete profissionais do júri de seleção, que se reúne nos dias 4 e 5 de agosto, no Center Flat Service, a partir das 9h. Assim como na religião, apenas os “bons” ganham o céu, ou melhor, vão fazer parte da mostra principal do tradicional evento, que começa no dia 25 de agosto.

O júri de seleção da 39ª edição é composto pelos cartunistas e ilustradores Luiz Gustavo Paffaro, Antônio Carlos de Paula Júnior, Luiz Carlos Fernandes e Cláudia Lúcia Cabrera Kfouri. Também fazem parte do grupo o professor universitário Celso Figueiredo Neto, a designer Fernanda de Aquino Giulietti e o professor universitário e cartunista Mario Dimov Mastrotti (veja currículo abaixo).

A tarefa dos sete integrantes é analisar as 3.442 obras inscritas nas categorias cartum, caricatura, charge e tiras/histórias em quadrinhos e os trabalhos com o tema Intolerância. “Aproximadamente 400 serão selecionados pelo júri para fazer parte da mostra principal”, diz Eduardo Grosso, diretor do CEDHU Piracicaba (Centro Nacional de Humor Gráfico de Piracicaba), órgão ligado à Secretaria Municipal da Ação Cultural (Semac), realizadora do evento anualmente.



BOM OU RUIM – O processo de seleção dos trabalhos é criterioso e, algumas vezes, até exaustivo. O júri permanece o fim de semana, durante dois períodos, confinado em uma sala do hotel (na rua José Pinto de Almeida, 877, Centro de Piracicaba). Ali, analisa todos os aspectos dos trabalhos. No centro da sala, três cadeiras são usadas como céu, purgatório e inferno. Se for ruim, o trabalho vai direto para o inferno; se é mediano e divide o júri, fica no purgatório. Ganham o céu apenas as ilustrações que agradarem a todos.

Como neste ano serão distribuídos R$ 47 mil aos melhores trabalhos, Eduardo Grosso lembra que a responsabilidade do júri é grande. Ele diz que os cartunistas sempre trataram o Salão de Piracicaba com carinho, por ser um dos maiores do gênero e também por ter uma premiação que reconheça o trabalho da categoria. “Os artistas enviam suas melhores ilustrações para cá, além de termos um prêmio respeitável.”

Quanto ao critério de análise – céu, purgatório ou inferno –, Eduardo Grosso esclarece que é preciso ter um júri antenado nas produções internacionais. “Como estão habituados com a linguagem do humor, o júri consegue discernir, por exemplo, quando uma ideia foi copiada, se o artista teve criatividade ou se explorou bons recursos gráficos.”


GEOGRAFIA – A geografia do Salão de Humor em 2012 é extensa. Leia-se: o evento registrou inscrições de todos os Estados brasileiros e de outros 64 países, incluindo os membros e associados ao Mercosul (Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador e Venezuela). Do continente Norte-Americano estão México, Estados Unidos e Canadá.

A Europa também se fez presente com trabalhos da Alemanha, Áustria, Albânia, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Espanha, Grécia, Finlândia, França, Holanda, Hungria, República Tcheca, Itália, Lituânia, Polônia, Portugal, Romênia, Reino Unido e Suécia. Artistas do continente mais isolado do mundo – Oceania – enviaram obras da Austrália e Nova Zelândia. O humor da Rússia se faz presente e também de seus países vizinhos, como Azerbaijão, Cazaquistão, China e Uzbequistão.

Tradicionalmente, o Salão recebe ainda inscrições de países de culturas mais conservadoras, como Armênia, Bósnia, Herzegovina, Costa Rica, Cuba, Egito, El Salvador, Emirados Árabes, Eslováquia, Eslovênia, Índia, Indonésia, Irã, Israel, Japão, Macedônia, Montenegro, Myanmar, Nigéria, Paquistão, Quênia, Sérvia, Sudão, Turquia e Ucrânia.



JÚRI DE SELEÇÃO

Luiz Gustavo Paffaro – Natural de Vinhedo, tem 33 anos, dos quais 16 dedicados às artes. Seu primeiro prêmio na área foi no Salão de Humor de Piracicaba em 2002. Aos 17 anos começou a lecionar artes no Ponto das Artes, em Vinhedo, e logo após montou o Paffaro Estúdio. Ilustrou revistas e jornais como Folha de S. Paulo, Almanaque do Fantástico, Super Interessante, Mad, Playboy e Placar. Foi um dos colaboradores de O Pasquim 21, de Ziraldo, e também ilustrou um de seus livros, É Mentira, Chico?.

Fernanda Giulietti – Formada em artes plásticas pela Unicamp. Trabalha há 10 anos com design editorial, sendo nove na Folha de S. Paulo, onde faz a primeira página. Trabalhou na Ilustrada e no extinto caderno Mais!. Desenvolveu o projeto gráfico dos cadernos Folhateen e Comida. Participou, em 2010, da concepção do caderno em homenagem ao cartunista Glauco. Fez parte da equipe que levou o Prêmio Esso Criação Gráfica Jornal em 2008 e tem cinco Prêmios de Excelência do SND (Society for News Design).

Cláudia Kfouri – É pesquisadora da Unesp, ilustradora do jornal Folha de S. Paulo e cartunista. Também atua na área de artes plásticas. Formada em letras, com mestrado em teoria da literatura, já trabalhou como professora universitária nas áreas de literatura e comunicação visual em faculdades de São José do Rio Preto e região. Trabalhou no jornal Diário da Região como ilustradora e chargista. Em 2010, recebeu o prêmio aquisitivo Câmara dos Vereadores no 37º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, além colecionar prêmios de outros salões brasileiros.

Antônio Carlos de Paula Júnior – Desenhista profissional há mais de 15 anos, Junião ilustra livros infantis e infanto-juvenis. Produz charges para o Diário do Povo, de Campinas. É colaborador do Jornal Placar e das revistas Veja, Jornaleiro, MacMais, Wine Style e Época na Educação. Foi colaborador da revista alemã Brazine. Foi o primeiro colocado em charge no 19° Salão Internacional de Desenho para a Imprensa, em Porto Alegre. Venceu o 27º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Foi vencedor do 1º Festival Internacional de Humor DST & Aids, do Ministério da Saúde. Desde 2005 seus trabalhos integram o catálogo e a exposição do World Press Cartoon, em Portugal.

Luiz Carlos Fernandes – Atua no Diário do Grande ABC.  Ilustrou vários livros infantis, entre eles a Turma de Gersão e a coleção do Castelo Rá-Tim-Bum. Em 2008 fez parte do júri do International Nasreddin Hodja Cartoon Contest, em Istambul (Turquia). Começou a participar de salões em 2001 e seus trabalhos foram premiados e selecionados em vários deles. No Salão de Piracicaba recebeu, em 2005, o prêmio aquisitivo Câmara de Vereadores e o segundo lugar em Caricatura, além de menção honrosa em 2004.

Mario Dimov Mastrotti – Natural de São Caetano do Sul, publica cartuns e tiras desde 1975 em vários jornais e revistas como Diário do Grande ABC, Folha de S. Paulo, Jornal de Brasília, O Pasquim 21, Revista Bundas e Jornal Enfim. Apresentou e produziu o programa semanal Amigos do traço na WebTV It'STV. Dirige a Virgo Assessoria de Comunicação e Editora (93), atuando na área de endomarketing, editando cartilhas e livros empresariais e de humor gráfico. Leciona nos cursos de comunicação na Umesp e atua em eventos com caricaturas ao vivo.

Celso Figueiredo Neto – Doutor em comunicação e semiótica pela PUC-SP, atuou por vários anos como redator publicitário. Atualmente presta consultoria em comunicação. Contribuiu na estruturação da nova matriz curricular do curso de publicidade do Mackenzie, onde é professor de criação e redação publicitária. Leciona na FAAP, Insper e Trevisan. É autor dos livros Redação Publicitária: Sedução pela Palavra, A Última Impressão é a que Fica e Turbine seu Negócio.

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