segunda-feira, 16 de novembro de 2009

“O turismo tem que ser tratado como atividade estratégica”


Atual vice-governador, Leonel Pavan (PSDB) cedeu uma entrevista exclusiva à Revista Nossa para falar sobre turismo, tema a qual é ligado pela evolução do setor em Santa Catarina. No início de 2010, ele se tornará governador do estado.

Por: Renato César Ribeiro

No começo do ano que vem, Luiz Henrique da Silveira (PMDB) deixará o cargo de governador para Leonel Pavan (PSDB). Após ser vereador, prefeito de Balneário Camboriú, deputado federal e senador, ele se prepara para ocupar a cadeira por onde já passaram renomados nomes da política como Lauro Müller, Hercílio Luz e Nereu Ramos.

Para saber um pouco mais do que pensa o próximo mandatário estadual, a Revista Nossa realizou uma entrevista com Pavan, que tem sua trajetória marcada pelo desenvolvimento do turismo.

Santa Catarina recebeu o prêmio de melhor destino turístico da revista Viagem e Turismo, da editora Abril, pelo terceiro ano consecutivo em 2009 através do voto do leitor. O governo comemora o resultado que demonstra a importância do estado na atividade em relação ao Brasil. Confira a entrevista:

Revista Nossa: Como você avalia o turismo catarinense nesse momento?

Leonel Pavan: Em ascendência total, já representa mais de 13% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) e a cada ano vem recebendo destaque no cenário nacional, haja vista os três prêmios consecutivos de melhor destino, incluindo também cidades, praias e rede de hospedagem. Se continuarmos investindo em infra-estrutura, segurança e profissionalismo a projeção é crescer ainda mais a cada ano.

RN: Quais são os efeitos dos fenômenos climáticos recentes para o turismo?

LP: Será preocupante se nós nos acomodarmos, temos muitas potencialidades a descobrir. O estado se preocupa com os efeitos, buscando resolver os problemas e investindo em tecnologia, trabalhando com prevenção de catástrofes e estar pronto para uma rápida recuperação. O nome de Santa Catarina não pode ficar associado a estas catástrofes climáticas aí sim poderia prejudicar o turismo.

RN: Como esses problemas foram combatidos?

LP: Com muito trabalho. Na época das cheias, transferimos nosso gabinete para a cidade de Itajaí para agilizar os atendimentos às pessoas atingidas e também resolver os problemas nas cidades. Imediatamente, nosso governo também criou o Grupo Reação para coordenar as atividades e gerenciar os recursos, além de fortalecer as ações da Defesa Civil. Agora, depois de passada a catástrofe, ficamos impressionados com o poder de recuperação das cidades, como é o caso do Vale do Itajaí, com as festas de outubro. Em Blumenau, chamou a atenção o poder de recuperação do povo. Mesmo com o trauma, a cidade estava limpa, arrumada e pronta para receber os turistas, como também ocorreu nas outras cidades que tiveram festas de outubro, como Jaraguá do Sul .

RN: Qual é o potencial turístico de Santa Catarina?

LP: Santa Catarina tem um potencial enorme no Turismo, porém se encontrava meio adormecida a um tempo atrás, após fazermos alguns investimentos na infra-estrutura, eventos, no resgate da nossa história, na cultura, mostrando nossas potencialidades, esportes radicais, turismo rural, termas, religioso, aquático, parque temático, turismo de compras, da gastronomia, passamos a nos desenvolver, e as nossas potencialidades reconhecidas.

RN: O quanto disso é realmente aproveitado?

LP: Santa Catarina é um estado diferenciado e pioneiro no País em regionalização do turismo com a implantação de nove regiões turísticas, processo já reconhecido e premiado pelo Ministério do Turismo e Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo). Com a implantação dos fundos especiais de apoio tanto para o turismo como para a cultura e o esporte, nosso governo transformou potencial em produto e o resultado não tardou a aparecer pela terceira vez consecutiva, o melhor destino turístico do Brasil apontado pelas publicações especializadas no setor.

RN: Como melhorar o turismo do Estado? Que ações o governo vem tomando para aumentar o turismo de SC?

LP: Nós continuamos a investir no Turismo. Agora mesmo estivemos, nos Estados Unidos discutindo projetos para a segurança, e investir em segurança, vai alavancar ainda mais o turismo de Santa Catarina. Tivemos a primeira vitória, a segunda, e agora a terceira, e para conquistarmos a quarta precisamos trabalhar mais, ainda mais. Diante desta realidade, nós do governo catarinense resolvemos fazer do discurso a prática. O turismo é uma das prioridades fundamentais de nosso planejamento estratégico, junto com as parcerias do setor privado e entidades do trade levando-se em conta a nossa diversidade regional, étnica e cultural, única no Brasil

RN: Santa Catarina tem conquistado alguns prêmios sobre turismo, não é? Quais são? O que eles significam?

LP: Como disse antes, conquistamos agora novamente, pela terceira vez o prêmio da Revista Viagem e Turismo, da editora Abril, de melhor destino turístico do Brasil, ficando a frente de estados pólos no turismo como o Rio de Janeiro, Bahia e Ceará. Estas conquistas significam que nem tudo está resolvido, mas que estamos no caminho certo ao priorizar e fortalecer o turismo como atividade estratégica e investir na diversidade, regionalização e no fortalecimento da infra-estrutura dos municípios. Significa também que a parceria do governo com a iniciativa privada entidades representativas e ao Trade Turístico.

RN: Santa Catarina também sediou o WTTC. De que forma esse evento contribuiu?

LP: O cenário catarinense é hoje vitrine para o Brasil, a América Latina e o mundo ao sediar essa Conferência Global do Conselho Mundial de Turismo. Iniciativa das mais acertadas, uma vez que foi oportunidade única para a criação de novas formas de parcerias público-privadas que, na seqüência, estimularão a demanda junto ao setor turístico causando ainda impacto positivo para o crescimento econômico e a geração de novos empregos. Em resumo, Santa Catarina ganhou visibilidade e passou a fazer parte do cenário internacional para investimentos e novos roteiros.

RN: Quais são os próximos passos em relação ao turismo de Santa Catarina?

LP: Continuar aproveitando nosso potencial criando e descobrindo novos caminhos e mecanismos que despertem a curiosidade e o interesse de quem viaja. Agora mesmo durante o ultimo Congresso de Turismo da ABAV, no Rio de Janeiro foi lançado o roteiro do turismo religioso em Santa Catarina, mais uma opção como destino. Mas tudo deve vir acompanhado do investimento em infra-estrutura e profissionalização.

RN: Que diferença fará quando você estiver definitivamente no posto de governador do Estado em 2010?

LP: Junto com Luiz Henrique da Silveira e o secretário de Estado do Turismo Cultura e Esporte Gilmar Knaesel fizemos muito. Mas com mais tempo é possível fazer ainda mais, até porque sou do setor e sempre procurei fazer do discurso a prática. Vamos continuar investindo em infra-estrutura e fortalecer também o setor de segurança pública.

RN: Como você avalia o trabalho já realizado até agora?

LP: As três conquistas consecutivas com o Prêmio de Melhor Destino Turístico do Brasil vem como avaliação do nosso trabalho, são três conquistas consecutivas como melhor destino turístico no Brasil. A melhor avaliação é aquela que vem dos próprios turistas, como é o caso e ela dá a direção de que o turismo deve ser diversificado , regionalizado e com investimentos em infra-estrutura, divulgação e parcerias.

RN: O que fazer em relação ao turismo dos próprios catarinenses regionalmente?

LP: Motivar o turismo regional e intra-regional, investindo, com profissionalização, mostrando, aproveitando as potencialidades de cada município, região turística.

RN: Como você vislumbra o futuro do turismo catarinense?

LP: O turismo hoje é a maior indústria mundial na geração de divisas, empregos e recursos. Representa 13% dos gastos dos consumidores de todo o mundo. Há tendências claras que projetam o turismo como uma das principais atividades humanas deste século. Precisamos aproveitar este cenário. Em que pesem os avanços obtidos nos últimos anos em parceria com o governo federal, municípios e iniciativa privada, o turismo ainda não é tratado de maneira totalmente profissional. Se continuarmos nessa linha, porém, sem interrupções com as trocas de governo e sem cessar o intercâmbio com outros países, o crescimento dos fundos especiais, Santa Catarina terá um futuro promissor pela frente gerando muito mais emprego e renda do que hoje já acontece como setor.

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