segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Nobel de Economia, Gary Becker, na Expogestão 2009

foto: Renato César Ribeiro

Economista e Prêmio Nobel de Economia de 1992, Gary Becker é professor de Economia e Sociologia da Universidade de Chicago. Autor de várias obras, como “Human Capital” e “The Economics of Life”. Becker é reconhecido como um dos economistas mais influentes do mundo. Ele esteve em Joinville, na Expogestão 2009, de 17 a 19 de junho.

Renato César Ribeiro: Como o Brasil pode competir com a China e Índia?

Gary Becker: A China representa um problema, sobretudo para os países em desenvolvimento, nem tanto para a Europa Central e para os Estados Unidos. Se o Brasil produzir produtos de baixa qualidade ou mais baratos, obviamente sairá perdendo. O México acabou sofrendo bastante o impacto da China, pois trabalhava mais ou menos com os mesmos produtos. Os mexicanos acabaram encontrando uma solução, começaram a trabalhar com produtos que eles não produziam. Ou você muda o seu produto ou você começa a ser fornecedor deles para coisas que eles não produzem. Uma coisa que o Brasil teria que fazer é conseguir migrar para produtos de maior qualidade. Este é um país com ótimo empreendedorismo, mas precisa ter um pouco mais de flexibilidade trabalhista. E também melhorar o capital humano, o que vai ser a chave para o futuro, ou seja, trabalhar a capacitação do sistema educacional.

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Gary Becker: A China tem inúmeras vantagens se comparada com o Brasil e mesmo com os Estados Unidos, sobretudo na área de produtos mais baratos. Se nós produzirmos no Brasil produtos de baixa qualidade ou produtos mais baratos, obviamente o Brasil sairá perdendo. As commodities acabaram se beneficiando do mercado chinês por causa do aumento na demanda. Agora, não são produtos de design, são produtos baratos e com uma qualidade relativamente decente. Nos últimos cinco a sete anos, houve esse aumento na demanda das commodities, sobretudo da Índia e da China. O Brasil é um exportador importante de commodities, assim como os Estados Unidos, que acabaram se beneficiando desse aumento que aconteceu nos preços. A China representa um problema, sobretudo para os países em desenvolvimento, eu acho que nem tanto para a Europa Central e para os Estados Unidos, principalmente porque eles têm mão de obra barata e produtos de baixa qualidade. O México acabou sofrendo bastante o impacto da China, pois trabalhava mais ou menos os mesmos produtos. Mas acabaram encontrando uma solução, começaram a trabalhar com produtos que eles não produzem. De duas uma, ou você muda o seu produto ou você começa a ser fornecedor deles para coisas que eles não produzem. Uma coisa que o país teria que fazer é ter um sistema de negócios mais flexível, conseguir migrar para produtos de maior qualidade. O Brasil é um país com ótimo empreendedorismo, mas precisa ter um pouco mais de flexibilidade trabalhista. Melhorar o capital humano, o que vai ser a chave para o futuro, ou seja, trabalhar a capacitação do sistema educacional. O Brasil nesse sentido tem um grande caminho a percorrer.

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