segunda-feira, 10 de agosto de 2009

João Carlos Martins fala de suas experiências


foto: Renato César Ribeiro

João Carlos Martins

Pianista e maestro, João Carlos Martins abriu o evento com sua palestra sobre motivação. Ele tocou piano dos 8 aos 63 anos de idade, quando teve de parar por problemas médicos. Sem saber o que fazer, ele ficou “perdido” por um mês até resolver ser maestro. Diante disso, ele conta a sua história de superação como exemplo de vida. Ele esteve em Joinville, na Expogestão 2009, de 17 a 19 de junho.

Renato César Ribeiro: As pessoas de um modo geral vêem a música como um lazer. Como ela pode ser usada na vida profissional?

João Carlos Martins: A música contribui não só na vida profissional, mas na vida em si. Já está provado que mães durante a gestão que ouvem música de Mozart, suas crianças nascem com uma disposição para a reflexão desde os primeiros meses. Isso foi provado cientificamente. Crianças que durante a infância tenham ouvido música boa, pode ser popular ou clássica, ganham uma disposição contra a agressividade. Em hospitais, pessoas que estão em estado terminal, que têm a oportunidade de ouvir música, têm um alívio muito grande.


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João Carlos Martins: Aconteceu um caso comigo. No dia 30 de dezembro do ano passado, fui visitar um amigo que tinha mais dois dias de vida, chamava-se Vicente Amado, no Hospital 9 de Julho, em São Paulo. Sem conseguir falar praticamente, ele me pediu: “João, daria para você tocar uma música para mim no hospital?”. Eu falei: “Claro! Amanhã, eu venho tocar” (dia 31 de dezembro). Fui para o hospital com toda a parafernália, com teclado, caixa de som... Cheguei, e me falaram que ele já estava na UTI. “Não pode subir”. Depois de uma hora, entrei com piano e tudo dentro de uma UTI. Seis dos outros 12 pacientes, que estavam lúcidos, pediram para aproximar a cama quando souberam que eu ia tocar. Eu toquei três peças. No dia seguinte, o hospital me telefonou dizendo que todos os pacientes tiveram um upgrade depois que passei tocando música clássica.

Renato César Ribeiro: Você é um apaixonado por Bach. Qual a diferença de Bach para outros grandes mestres?

João Carlos Martins: Bach foi a síntese e a profecia de tudo. Villa-Lobos podia fazer as bachianas brasileiras, mas nunca as mozartianas brasileiras. Porque Bach foi influência em toda música do Ocidente desde o dia em que ele compôs a primeira nota. Ao mesmo tempo, ele sintetizou a música de antes do nascimento dele. Então, hoje, quando você pensa que Villa-Lobos se inspirou em Bach, também na África, um compositor pode se inspirar em Bach. Ele, sem sair de um raio de 500 quilômetros de onde ele viveu, talvez tivesse a intuição de que seria a origem de tudo. E se nós, um dia, chegarmos a marte, ou a qualquer outro planeta onde haja civilização, Bach vai chegar na primeira nave espacial.

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